Promotor pede condenação a partir de 25 anos; defesa alega insanidade
Vai a júri popular nesta terça-feira, dia 11, Francisco Lopes Ferreira, 65 anos, acusado de ter assassinado a missionária Simone Moura Facini Lopes, em março de 2017. O julgamento está marcado para as 10 horas. O réu está preso desde a época do crime e será julgado por homicídio com cinco qualificadoras - motivo torpe (vingança), meio cruel, sem direito de defesa da vítima, crime para ocultar outro crime e feminicídio.
Para o promotor de Justiça Marcos Antonio Lelis Moreira, Francisco precisa ter punição exemplar, porque o crime foi praticado com crueldade. "É um dos mais cruéis que já enfrentei na minha carreira. Este acusado demonstra um instinto próximo de um animal. Não considerou nem mesmo a caridade que a vítima lhe dava. Egoísmo mais baixo. Trabalhei com afinco para convencer os jurados a condená-lo. Aguardo uma pena mínima de 25 anos", diz o promotor.
Integrante da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Rio Preto, Simone era casada e tinha um filho. Ela tentou alfabetizar Francisco por meio da Bíblia Sagrada. O réu frequentava a mesma igreja que ela e morava em uma chácara no Jardim Planalto, zona norte de Rio Preto. Francisco já tinha cumprido pena por estupro, três anos antes do crime contra Simone.
Na casa do autor, investigadores da Polícia Civil apreenderam uma foto da vítima, em que Francisco escreveu declarações. "Amo ela. Gosto dela. Eu gosto da Simone. A Simone é muito boa. Eu amo muito Simone", escreveu o acusado. Francisco matou Simone depois de ela avisar que deixaria de ministrar as aulas. Ela foi morta a golpes de marreta, após ser amordaçada e estuprada, segundo a polícia.
Francisco foi preso pela Polícia Militar dois dias depois do crime. O caseiro da chácara em que ele morava, um homem de 47 anos, chegou a ser preso também, como suspeito, mas foi solto depois, após ser descartada sua coautoria.
Entre as cinco testemunhas arroladas para o julgamento está o web designer César Augusto Lopes, marido de Simone. "Nem meu irmão nem o filho dela superaram completamente o que aconteceu. Nunca mais foram os mesmos. Esperamos que a Justiça seja feita, que ele pegue a pena máxima, para não destruir nenhuma outra família", diz Laudiceia Lopes, cunhada de Simone. Os parentes da vítima afirmam que vão comparecer ao salão do júri para acompanhar todo o julgamento, mas não pretendem fazer manifestações.
Defesa
O advogado de defesa, João Dias, afirma que vai alegar insanidade mental do réu - tese que já foi rejeitada durante o processo. Ele vai pedir internação do réu em hospital psiquiátrico da rede prisional. "Tenho um laudo assinado por uma profissional de saúde que atesta que meu cliente tem problemas mentais. Ele já tinha cumprido 12 anos de prisão por crimes sexuais e voltou a cometer. Isso é prova de que é uma pessoa que precisa, antes de tudo, de tratamento, para que se recupere de verdade", diz o defensor.